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GranBio faz ajustes e volta a ter lucro

08/03/2023

Valor Econômico
Por Camila Souza Ramos

Depois do prejuízo de R$ 171 milhões em 2021, companhia registrou ganho líquido de R$ 26 milhões no ano passado, quando gerou um caixa de R$ 64 milhões.

Pioneira em etanol de segunda geração (E2G) no Brasil, a GranBio fez uma revisão estratégica no ano passado. Com o acúmulo de dívidas da companhia e sem fôlego comercial, a família Gradin decidiu se desfazer de alguns ativos - e passivos - e realizar mais aportes para recompor o caixa da empresa. Isso fez a GranBio chegar menor ao fim de 2022, porém mais estruturada para trilhar sua aposta no bioquerosene de aviação (SAF, na sigla em inglês) de etanol celulósico.

Fez parte desse processo de enxugamento a venda da operação de “cana energia” (com mais celulose) para a NuSeed, do grupo australiano Nufarm, em setembro. Na transação, a GranBio não se afastou definitivamente do negócio, já que continuou com o direito de licenciamento.

No fim do ano, a companhia vendeu ainda seus 50% na Companhia Energética de São Miguel dos Campos (CESM), a termelétrica a biomassa que opera com o bagaço e a palha coletados pela GranBio nos canaviais de Alagoas. A empresa vendeu sua fatia à Usina Caeté, que já era dona dos outros 50% e assumiu a dívida que a GranBio tinha com o BNDES.

Virada

Com as duas operações, a GranBio obteve R$ 354 milhões, o que contribuiu para a virada no resultado líquido: depois do prejuízo de R$ 171 milhões em 2021, a companhia registrou lucro de R$ 26 milhões em 2022. As operações permitiram que a empresa gerasse um caixa de R$ 64 milhões - em 2021, não houve geração de caixa.

As atividades operacionais de fato contribuíram pouco para o resultado e geraram receita de R$ 23 milhões, um montante 32% menor que o de 2021, gerada pelo arrendamento da CESM à Caeté e de alguns acordos comerciais. Como em anos anteriores, a Bioflex, planta de E2G de São Miguel dos Campos (AL), ficou sem operar, já que a biomassa foi para a terme

Agora, sem a CESM em seu portfólio para usar a biomassa na cogeração, a GranBio terá que provar a viabilidade comercial de seu negócio em etanol celulósico na Bioflex. Guilherme Refinetti, diretor financeiro da GranBio, afirma que a companhia já tem contato com compradores para garantir a pré-venda de parte de seu E2G das próximas “duas a três safras”. “Em 2022, existia algum interesse por E2G, mas não declaração clara de compra. Agora vemos um interesse bastante significativo”, afirma.

Plano

O plano é que a antecipação dos recursos com as pré-vendas de E2G financie o investimento que há tempos a companhia quer fazer para aumentar a capacidade da Bioflex de 30 milhões de litros ao ano para 50 milhões. Para o longo prazo, a aposta é na produção de SAF de etanol celulósico na planta que a GranBio construirá nos EUA com apoio do governo americano.

Para andar com pé firme nesses caminhos, a companhia também está com o perfil financeiro mais equacionado após reestruturações no endividamento e um aporte de R$ 354 milhões que a família Gradin fez como adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC).

Com os bancos, a companhia reestruturou dívidas e alongou prazos, aumentando o prazo médio de 2,3 anos para 4,9 anos. Com a saída do BNDES da fila de credores, o endividamento líquido caiu pela metade, para R$ 270 milhões. A dívida de curto prazo representou 13% da dívida bruta.