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Para presidente da GranBio, E2G está consolidado e empresa está pronta para nova etapa

23/03/2020

Em entrevista ao novaCana, Paulo Nigro fala sobre os planos da empresa em relação a cinco diferentes áreas de negócios: "O que há em comum a todos esses projetos é a biomassa".

Com uma usina de etanol celulósico em operação desde setembro de 2014, a GranBio não tem vivido uma trajetória muito fácil. Ao longo dos últimos anos, a companhia tem acumulado prejuízos e frequentemente opta por paralisar a produção de etanol em benefício da geração de energia elétrica com a mesma matéria-prima.

Mesmo assim, o executivo Paulo Nigro – que atua há quase dois meses como CEO da companhia – acredita que os números de 2019 foram positivos para a Bioflex®, unidade de etanol celulósico localizada em São Miguel dos Campos (AL). “No ano passado, conseguimos manter um regime contínuo de produção”, destaca.

De acordo com ele, a usina foi capaz de bater seus recordes diários de produção em diversas ocasiões – atualmente, o melhor resultado registrado é de 99 mil litros em um único dia. O volume equivale a 40% da capacidade autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a unidade, de 250 mil litros por dia.

“Podemos alcançar 30 milhões de litros em um ano”, anuncia Nigro. O executivo, porém, acrescenta que esse montante não deve ser obtido em 2020.

Atualmente, a usina está direcionando sua biomassa para a unidade termelétrica, com previsão de retomar as atividades em agosto, um mês antes do início oficial da safra na região Norte-Nordeste. “Hoje a nossa limitação é de capital de giro. Por isso, nós estamos concentrando as atividades", explica.

Ele ainda pontua que a paralisação das atividades da usina já estava planejada e que não devem ocorrer pausas após a retomada das operações. "O objetivo maior da planta de Alagoas e concretizar o nosso aprendizado. Antes, estávamos em um processo de validação tecnológica. Agora, isso já está validado", garante e complementa: "Nossa produção de etanol no Nordeste e nossa principal fonte formadora de caixa".

Inclusive, a unidade iniciou recentemente o processo para a certificação no RenovaBio. Segundo Nigro, já foi criado um grupo interno para decidir qual será a firma inspetora a ser contratada. Além disso, a empresa está em contato com o Santander, que, recentemente, assinou acordos com 16 sucroenergéticas para a escrituração dos créditos de descarbonização que serão gerados pelo programa.

Nova fase

Enquanto o etanol celulósico não traz o retomo esperado inicialmente, a GranBio também passou a desenvolver outras frentes de negócio. Em novembro do ano passado, a empresa concluiu a aquisição da American Process - e, com isso, passou a controlar todo o portfólio de propriedade intelectual da norte-americana, com mais de 200 patentes concedidas e pendentes sobre biorefinarias, biocombustíveis, bioquímicos e nanocelulose.

"A aquisição da American Process foi essencial. Com a compra, pudemos fazer nosso banco de patentes", confirma Nigro. Entretanto, ele afirma que a GranBio não deve realizar novas aquisições tão cedo: "Nesse momento, não devemos adquirir. Nosso foco e concluir acordos".

Em fevereiro, a companhia anunciou uma nova parceria com a indiana Birla Carbon. O objetivo é iniciar o fornecimento de um composto de nanocelulose para a indústria de pneus e de borracha. O produto funciona como um substituto do negro de fumo, um derivado do petróleo.

"É difícil quantificar o tamanho do mercado [do novo produto], mas é uma grande oportunidade. Os cinco maiores fabricantes de pneus do mundo têm interesse", comenta Nigro.

Ainda de acordo com o executivo, esses investimentos fazem com que a GranBio seja uma "operação complexa". Ele admite que a companhia é mais conhecida pelo etanol de segunda geração e que está passando por um amplo reposicionamento.

Além disso, ele destaca cinco áreas principais de negócios: etanol celulósico, nanocelulose, tecnologias, biomassa e bioenergia. "Nesse momento, a GranBio tem, assinados, mais de 30 acordos de desenvolvimento pelo mundo", relata, destacando justamente a nanocelulose. Um novo acordo, inclusive, pode ser anunciado já em abril.

"O que há em comum a todos esses projetos é a biomassa, mas não necessariamente de cana", observa. De acordo com o executivo, o objetivo e atuar com flexibilidade, valorizando matérias-primas locais. "Na planta piloto nos Estados Unidos, nós já trabalhamos com dezenas de biomassas, como milho, palha de milho e palha de arroz", exemplifica.

GranBio na bolsa de valores

Entre as novidades de 2020, a GranBio também inclui a possibilidade de abertura de capital na bolsa de valores. A princípio, foi divulgado que a intenção era listar a companhia no Bovespa Mais, o segmento de acesso da B3. Uma decisão, porém, dependeria dos acionistas da companhia, que possui 15% de participação do BNDES.

De acordo com Nigro, porém, há duas possibilidades para a abertura de capital. Além da entrada na B3, a empresa também considera o ingresso de sua subsidiaria americana, a GranBio Tech® - uma opção que ele avalia como vantajosa. "Mas depende muito do BNDES", pondera.

De qualquer modo, o executivo acredita que o momento é realmente propício para as empresas de biocombustíveis e biotecnologia que desejam abrir capital. Para ele, as preocupações globais com a neutralização de emissões de carbono e o avanço de políticas restritivas a veículos movidos a combustíveis fósseis - inclusive no Brasil - seriam alguns dos fatores que comprovam a tendência.